há sempre algo em ti que me escapa. que não consigo explicar com leis racionais ou manhas néscias.
há sempre algo em ti que me desarma. não sei se é a maneira como os teus dedos escorregam nas cordas da viola que te dei ou se aquele olhar ternurento que fazes sempre que acendes a lareira quando passas os domingos comigo. não sei.
mas é assim. deixas-me sempre nu. ausente de estratégias e submisso à espontaneidade. é curioso como esse simples sorriso me destrói tão dura capa. é angustiante a paz que me deixas. e apesar de exposto, sempre em casa. sinto-me sempre em casa. na tua minha nossa casa.
tens tanto de ilusões e sonhos, como de amargura e dores. admiro-te, já to disse? espanto-me como é que me sinto tão bem no meio de nada. onde cada passo que dou tem exatamente a distância entre as minhas pegadas. onde cada palavra que solto é distante de filtros sociais e conscientes. é nesse manto infinito que vivo. que vivo contigo.
sei de sonhos. sei de livros sem finais. sei de canções ao ritmo do coração. sei de mãos que nunca se separam. e até de almas grudidas.
sei de ti.
sei de amores de manequins. e gosto que o nosso amor apenas vista o que sentimos um pelo outro. gosto que o nosso amor seja pintado num quadro em tons laranja e rosa. onde as nossas mãos se cruzam com a linha entre o céu e o mar. os corpos estão nus.
nao sei explicar porque me desarmas. mas sei exatamente que é assim que gosto de ti. de roupas queimadas. talvez nem o próprio amor tenha roupa. e por isso tanta gente o esfola e suja por aí.