25 de dezembro de 2013




mais.
não fosses tu merecedor do mundo. 
e eu de o abraçar.

24 de novembro de 2013


« pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?
estala, coração de vidro pintado! »
alberto campos

7 de novembro de 2013

moinhos cruzados.

que o amor é uma questão de timming, é-me indiscutível. mas que a vida é boa negociadora, não.


ph: lukas katrinak



somos iscos do tempo. do tempo cronológico e de um tempo que nos alberga as entranhas. tempo esse que tem tanto de ponteiros harmoniosos como de ponteiros mordazes. corrói-nos os dedos. os dedos que nos tocam a alma. cruzam-nos os sonhos.
a vida enche-nos. é um facto. mas enche-nos por fora. enche-nos esse tempo cronológico. ajuda-nos a ter sucesso(s). a vida anda de mãos dadas com as brumas do amor, senhor de tempos mágicos.

âmagos.

mas o que nos move é intemporal e, como tal, dono de tempos próprios. tempos inegociáveis. tempos que - humamanente - nos enchem. tempo que nos criva a vida, que deixa que os segundos nos escorram na cara. sorrindo a cada pedaço de felicidade.
nascentes.
nascem-nos as belas fraquezas, nasce-nos a pureza. quando amamos, amamos com o que nos resta de calibrações. quando amamos, amamos com dedos corroídos, mas com a mão cheia. tão cheia de nadas que nos enchem.
quando amamos, amamos com os nadas dos tudos. e é aí que está a beleza. enchemos por dentro.

deixa saudade. o tempo que deixámos.
deixa saudade. o tempo que nos enche.
deixa saudade. o tempo de corações lúgubres.  
deixa saudade. o tempo que nos move. afinal somos feitos daquilo que nos move. de moinhos cruzados. de ventos e tempos.

14 de setembro de 2013


ph: attila kozó


« o mal é causador de uma constante miséria devido à incansável
necessidade do ser humano de vingar-se, como forma de soltar o ódio »
ralph steadman

21 de julho de 2013

âmagos apertados


alguém, a meu respeito:

- gostas de ser o menino que adormece no chão a brincar com o cão, que anda de pijama pela cama que fica na lua. que espera por quem te beije no tempo certo e fique contigo o tempo todo.

22 de junho de 2013

otite do coração


ph: kyle thompsom


e viro na esquina. de mansinho, tentando que o teu nome não me oiça.
e o silêncio brama quando vejo que o teu nome se estende ao céu.

20 de junho de 2013

ph: alex stoddard


há tanta vida em nós. tanta.
e nada dura para sempre. só o que fica é que permanece. as coisas, essas esvoaçam, roubam-nas o frio.
mas o que fica, permanece sempre.

será a nossa vida aquilo que nos fica?
mas há tanta vida em nós. tanta.
fica-nos o gelo da vida ou a vida congelada?

11 de maio de 2013

despido

há sempre algo em ti que me escapa. que não consigo explicar com leis racionais ou manhas néscias.
há sempre algo em ti que me desarma. não sei se é a maneira como os teus dedos escorregam nas cordas da viola que te dei ou se aquele olhar ternurento que fazes sempre que acendes a lareira quando passas os domingos comigo. não sei. 
mas é assim. deixas-me sempre nu. ausente de estratégias e submisso à espontaneidade. é curioso como esse simples sorriso me destrói tão dura capa. é angustiante a paz que me deixas. e apesar de exposto, sempre em casa. sinto-me sempre em casa. na tua minha nossa casa.
tens tanto de ilusões e sonhos, como de amargura e dores. admiro-te, já to disse? espanto-me como é que me sinto tão bem no meio de nada. onde cada passo que dou tem exatamente a distância entre as minhas pegadas. onde cada palavra que solto é distante de filtros sociais e conscientes. é nesse manto infinito que vivo. que vivo contigo.

sei de sonhos. sei de livros sem finais. sei de canções ao ritmo do coração. sei de mãos que nunca se separam. e até de almas grudidas.
sei de ti.
sei de amores de manequins. e gosto que o nosso amor apenas vista o que sentimos um pelo outro. gosto que o nosso amor seja pintado num quadro em tons laranja e rosa. onde as nossas mãos se cruzam com a linha entre o céu e o mar. os corpos estão nus.  
nao sei explicar porque me desarmas. mas sei exatamente que é assim que gosto de ti. de roupas queimadas. talvez nem o próprio amor tenha roupa. e por isso tanta gente o esfola e suja por aí.

29 de janeiro de 2013

não é cedo quando madrugo




desculpa.
desculpa se me roubaste tudo. desculpa se as minhas maiores emoções acontecem quando deliro.
desculpa se bebo tentando que o meu coração fervilhe. desculpa se os meus maiores prazeres são os da esquina.
desculpa se já não sei sentir.

desculpa-me. 
desculpa-me se me tiveste o amor todo. desculpa-me se me esgotaste as palavras bonitas.
deculpa-me se choro quando a lua está cheia. desculpa-me se ando vazio.
desculpa-me o hedonismo.

perdoa-me se me consumiste todo o que tinha para dar. e não, não sou eu que tenho pouco para dar
tu é que me tiveste todo. 
não é cedo quando madrugo. mas é tarde quando me fiquei. 
não é tarde quando adormeço sob a lua.